domingo, 25 de julho de 2010

Enfermagem e o PSF - Do PSF ao ESF


Enfermagem e o PSF - Do PSF ao ESF

A origem do Programa Saúde da Família ou PSF, teve início, em 1994, como um dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a atenção básica. O PSF é tido como uma das principais estratégias de reorganização dos serviços e de reorientação das práticas profissionais neste nível de assistência, promoção da saúde , prevenção de doenças e reabilitação. Traz, portanto, muitos e complexos desafios a serem superados para consolidar-se enquanto tal. No âmbito da reorganização dos serviços de saúde, a estratégia da saúde da família vai ao encontro dos debates e análises referentes ao processo de mudança do paradigma que orienta o modelo de atenção à saúde vigente e que vem sendo enfrentada, desde a década de 1970, pelo conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas. Estes pressupostos, tidos como capazes de produzir um impacto positivo na orientação do novo modelo e na superação do anterior, calcado na supervalorização das práticas da medicina curativa, especializada e hospitalar, e que induz ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos e, sobretudo, na fragmentação do cuidado, encontra, em relação aos recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS), um outro desafio. Tema também recorrente nos debates sobre a reforma sanitária brasileira, verifica-se que, ao longo do tempo, tem sido unânime o reconhecimento acerca da importância de se criar um "novo modo de fazer saúde".

Atualmente, o PSF é definido com Estratégia Saúde da Família (ESF), ao invés de programa, visto que o termo programa aponta para uma atividade com início, desenvolvimento e finalização. O PSF é uma estrátégia de reorganização da atenção primária e não prevê um tempo para finalizar esta reorganização.

No Brasil a origem do PSF remonta criação do PACS em 1991, como parte do processo de reforma do setor da saúde, desde a Constituição, com intenção de aumentar a acessibilidade ao sistema de saúde e incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde. Em 1994 o Ministério da Saúde, lançou o PSF como política nacional de atenção básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelo tradicional de assistência primária baseada em profissionais médicos especialistas focais. Atualmente, reconhece-se que não é mais um programa e sim uma Estratégia para uma Atenção Primária à Saúde qualificada e resolutiva.

Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como estratégia prioritária para a reaorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo emitiu a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, onde ficava estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica — que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS: universalização, descentralização, integralidade e participação da comunidade - mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários.

Como conseqüência de um processo de des_hospitalização e humanização do Sistema Único de Saúde, o programa tem como ponto positivo a valorização dos aspectos que influenciam a saúde das pessoas fora do ambiente hospitalar.

A Enfermagem e o PSF têm íntima ligação já que este profissional desenvolve um papel fundamental nesta modalidade de assistência à saúde.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

AIDIPI E QUALIDADE DA ASSITENCIA A CRIANÇA

COMO PRINCIPAL OBJETIVO, O CURSO AIDIPI POSSIBILITA O TREINAMENTO DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA A TRATAREM DOENÇAS PREVALENTES NA INFANCIA, COPREENDENDO A FAIXA ETÁRIA DE UMA SEMANA A QUATRO ANOS DE IDADE, GARANTINDO ASSIM, A MENOR INCIDENCIA DE MORBIDADE/MORTALIDADE INFANTIL.
OBJETIVOS SEGUNDO O MINISTERIO DA SAÚDE(2003):

O profissional de saúde receberá orientação de como tratar as crianças doentes seguindo os quadros de conduta que incluem informações sobre como:
1.avaliar sinais e sintomas de doenças, o estado nutricional e de vacinação da criança;
2. classificar a doença, identificar o tratamento adequado para cada classificação e decidir se cabe referi-la ou não ao hospital;
3. Administrar tratamentos prévios antes de referir a criança ao hospital (como a primeira dose de um antibiótico, vitamina A, uma injeção de antimalárico ou começar o tratamento para evitar uma hipoglicemia) e como referir a criança;
4. Administrar tratamentos no serviço de saúde como, por exemplo, terapia de hidratação oral (TRO), nebulização e aplicação de vacinas;
5. Ensinar a mãe a administrar medicamentos específicos em casa, como um antibiótico oral, um antimalárico oral ou um suplemento alimentar específico;
6.Recomendar à mãe sobre a alimentação e os cuidados a serem prestados à criança emcasa;
7. orientar à mãe quando deve retornar imediatamente e para a consulta de retorno; e reavaliar o caso e prestar a atenção apropriada quando a criança voltar ao serviço de saúde.

Atenção primária à saúde

Definição

A atenção primária à saúde (APS), também denominada cuidados primários de saúde (em Portugal) e atenção básica (governo do Brasil), foi definida pela Organização Mundial da Saúde em 1978 como:

Atenção essencial à saúde baseada em tecnologia e métodos práticos, cientificamente comprovados e socialmente aceitáveis, tornados universalmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade por meios aceitáveis para eles e a um custo que tanto a comunidade como o país possa arcar em cada estágio de seu desenvolvimento, um espírito de autoconfiança e autodeterminação. É parte integral do sistema de saúde do país, do qual é função central, sendo o enfoque principal do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. É o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, levando a atenção à saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de atenção continuada à saúde. (Declaração de Alma-Ata)


De acordo com Barbara Starfield, as principais características da atenção primária à saúde (APS) são:

  • Constituir a porta de entrada do serviço — espera-se da APS que seja mais acessível à população, em todos os sentidos, e que com isso seja o primeiro recurso a ser buscado. Dessa forma, a autora fala que a APS é o Primeiro Contato da medicina com o paciente.
  • Continuidade do cuidado — a pessoa atendida mantém seu vínculo com o serviço ao longo do tempo, de forma que quando uma nova demanda surge esta seja atendida de forma mais eficiente; essa característica também é chamada de longitudinalidade.
  • Integralidade — o nível primário é responsável por todos os problemas de saúde; ainda que parte deles seja encaminhado a equipes de nível secundário ou terciário, o serviço de Atenção Primária continua co-responsável. Além do vínculo com outros serviços de saúde, os serviços do nível primário podem lançar mão de visitas domiciliares, reuniões com a comunidade e ações intersetoriais. Nessa característica, a Integralidade também significa a abrangência ou ampliação do conceito de saúde, não se limitando ao corpo puramente biológico.
  • Coordenação do cuidado — mesmo quando parte substancial do cuidado à saúde de uma pessoa for realizado em outros níveis de atendimento, o nível primário tem a incumbência de organizar, coordenar e/ou integrar esses cuidados, já que freqüentemente são realizados por profissionais de áreas diferentes ou terceiros, e que portanto têm pouco diálogo entre si. [1]

POR QUE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE?

Fayer Fonseca Ferreira Secretário de Saúde de Anchieta(ES), Brasil

O Sistema Único de Saúde passa por um período de profunda reflexão e mudança. Mudança esta em maior escala em alguns Estados, que adotam a troca do conceito de Atenção Básica para Atenção Primária à Saúde.

Adotar o conceito Atenção Primária à Saúde é responsavelmente aceitar o que a população almeja: um sistema de saúde que seja mais rápido e que ofereça as respostas resolutivas às demandas.

A Atenção Primária à Saúde enquanto ciência constitui-se como o primeiro contato de indivíduos, famílias e comunidades com o sistema de saúde. Tem o papel centralizador de organização, coordenação e responsabilização dentro de um sistema de saúde.

Quando não exerce o papel centralizador, verifica-se a fragmentação da atenção. Essa fragmentação provoca a diminuição da resolutividade, aumento dos custos e a prevalência, dentro dos serviços que compõem o sistema local de saúde, da organização de atender as condições agudas.

A evidência científica revela para o SUS que há uma situação de tripla carga de doenças, com convivência de doenças infecciosas e parasitárias, causas externas e doenças crônicas. E que a sua resposta social é provida por um sistema de atenção à saúde fragmentado e voltado para a atenção às condições e aos eventos agudos.

A evidência revela também que alguns países e alguns estados brasileiros que adotaram a Atenção Primária à Saúde, exercendo papel centralizador do Sistema de Saúde, têm conseguido responder melhor às necessidades colocadas pela situação de tripla carga de doenças e produzir resultados mais relevantes para a população.

Participar desse momento de reflexão e mudança á o objetivo principal deste espaço, deste site. Que seja um espaço para reflexão e mudança dos pensamentos. Para palavras, e das palavras à ação, das ações para as atitudes, das atitudes para as políticas públicas.

O site Atenção Primária à Saúde foi organizado com esse objetivo. E está aberto à contribuição de todos os que vislumbram um sistema público de saúde capaz de realmente suprir as necessidades da população do nosso país.

Anchieta, maio de 2010